quinta-feira, 15 de abril de 2010

Afinal, que mito é esse que tem no livro de Cardim?

A questão 4 do exercício de Hans Staden tem causado muito vexame entre vocês. Mas finalmente o mistério será revelado!!! Eis o tal trecho que corresponde a esse assunto.

Trecho do livro de Fernão Cardim, Tratados da terra e gente do Brasil.

"Este gentio parece que não tem conhecimento do princípio do Mundo, do dilúvio parece que tem alguma notícia, mas como não tem escripturas, nem caracteres, a tal notícia é escura e confusa; porque dizem que as aguas afogarão e matarão todos os homens, e que somente um escapou em riba de um Janipaba, com sua irmão que estava prenhe, e que estes dois têm seu principio, e que dali começou sua mutiplicação." (pág. 87)

Vejamos alguns trechos do mesmo livro de Cardim que irá auxiliá-los numa melhor compreensão da visão do autor sobre o Brasil (índios).

"Todos andam nus assim homens como mulheres, e nao tem genero nenhum de vestido e por nenhum caso verecundant, antes parece que estão no estado de innocencia nesta parte, pela grande honestidade e modestia que entre si guardão, e quando algum homem fala com mulher vira-lhe as costas." (pág. 90)

"Antes de terem conhecimento dos Portuguezes usavão de ferramentas e instrumentos de pedra, osso, pau, cannas, dentes de animal, etc., e com estes derrubavão grandes matos com cunhas de pedra, ajudando-se do fogo; assim mesmo cavavão a terra com uns paus agudos e faziam suas metaras, contas de buzios, arcos e flechas tão bem feitos como agora fazem, tendo instrumentos de ferro, porém gastavão muito tempo a fazer qualquer cousa, pelo que estimão muito o ferro pela facilitade em fazer suas cousas com ele, e esta é a razão porque folgão com a comunicação dos brancos." (pág. 94 e 95)

"Entre elles ha casamentos, porém ha muita duvida se são verdadeiros, assi por terem muitas mulheres, como pelas deixarem facilmente por qualquer arrufo, ou desgraça, que entre elles aconteça." (pág. 88)

"Este gentio come em todo o tempo, de noite e de dia, e a cada hora e momento, e como tem que comer não o guardão muito tempo, mas logo comem tudo o que têm e repartem com seus amigos, de modo que de um peixe que tenhão repartem com todos (...)". (pág. 88)

Trecho retirado da introdução do livro, escrita por Rodolfo Garcia.

"Nele há o geógrafo, que estuda a terra, suas divisões, seu clima, suas condições de habitalidade; o etnólogo, que descreve os aborígines, seus usos, da fauna e da flora desconhecida; mas há também o historiador diserto, que dicorre sobre a missão dos jesuítas, seus colégios e residências, o estado das capitanias, seus habitantes e suas produções, o progresso ou a decadência da Colônia, e suas causas, sobre a vida, enfim, daquela sociedade nascente, de que participava. Seus depoimentos são os de testemunha presencial, e valem ainda mais pela espotaneidade e pela sinceridade com que singelamente os prestou. " (pág. 13)

OBSERVAÇÃO: Os trechos foram retirados do livro Tratados da tera e gente do Brasil, com introdução de Rodolfo Garcia, editora Itatiaia, (Belo Horizonte); Ed. da Universidade de São Paulo (São Paulo), 1980.

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