sábado, 13 de novembro de 2010

Sobre o Arcadismo!

Para quem não viu ainda, já existe uma postagem sobre Arcadismo aqui no blog!
Cliquem nesse link -> Arcadismo

Em breve, outro post aqui sobre Arcadismo!

beijos e até terça!

^^

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Onde encontro mais ajuda? Confiram!

Espero que tenham gostado dos textos de apoio que coloquei aqui!

Confiram mais links para auxiliar nessas análises:

Dicas para se analisar um poema barroco -> http://monitoria-brasileira.blogspot.com/2010/05/dicas-para-se-analiser-os-poemas.html

Barroco: Autores e Poesia -> http://monitoria-brasileira.blogspot.com/2010/05/barroco-autores-e-poesia.html

Agora é só apresentar e arrazar!
;)

P.S: Não deixem de conferir tambéms os Eventos - Clique Aqui!

Barroco no Brasil

Uma das características fundamentais do estilo barroco é a tensão, consequência de uma visão de mundo que procura concilar tendências contraditórias (o teocentrismo medieval e o antropocentrismo renascentista), uma visão de mundo que busca a fusão do velho com o novo.

Como o homem Barroco vê o mundo?

O homem da época vive em permanente conflito, tentando encontrar um ponto de união entre forças opostas que o atraem: razão e fé, sentidos e espírito, sensualismo e misticismo, realismo e idealismo. Por essa razão, vai enfantizar tudo aquilo que é inconsistente, tudo o que muda de aparência, tudo o que está em movimento, pois para ele o mundo está em constante mudança.

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria. (Gregório de Matos)


Como se expressa essa visão de mundo

Para expressar essa maneira de analisar a realidade, os escritores barrocos vale-se de alguns recursos, como:

1. Conhecimento da realidade por meio dos sentidos: Decorre daí o emprego de palavras que designam cores, perfumes e sensações táteis, auditivas e visuais. Essas palavras refletem a desarmonia do mundo em oposições à harmonia da época clássica. As figuras de estilo mais comuns nos textos barrocos são: metáfora, antítese, paradoxo, hipérbole e prosopopéia.

2. Emprego de símbolos que traduzem efemeridade, a instabilidade das coisas: O mundo é visto como uma metamorfose contínua, ao contrário da visão estática que tinham os renascentistas. Decorre dessa concepção o emprego de símbolos como fumaça, vento, neve, chama, água, espuma, etc.

Meu peito também, que chora,
de Anarda ausências perjuras,
o pranto em rio transforma,
o suspiro em vento muda. (Manuel Botelho de Oliveira)


3. Emprego de muitas frases interrogativas: que refletem a incerteza do homem barroco.

Vês esse sol de luzes coroado?
Em pérolas a aurora convertida?
Vês a lua de estrelas guarnecida?
Vês o céu de planetas adorada? (Gregório de Matos)


4. Emprego frequente de ordem inversa: esse recurso traduz as oscilações do raciocínio barroco na tentativa de conciliar elementos opostos.

Salta o coração, bate o peito, mudam-se as cores, chamejam os olhos, desfazem-se os dentes, escuma a boca, morde-se a língua, arde a cólera, ferve o sangue, fumagam os espíritos; os pés, as mãos, os braços, é tudo ira, tudo fogo, tudo veneno. (Pe. Antônio Vieira)

5. Cultismo e Conceptismo: Dá-se o nome de cultismo ao jogo de palavras, ao emprego abusivo de figuras de estilo como a metáfora e hipérbole. Corresponde ao excesso de detalhes das artes plásticas.

Se choras por ser duro, isso é ser brando,
Se choras por ser brando, isso é ser duro. (Gregório de Matos)


O conceptismo, que ocorre principalmente na prosa, corresponde ao jogo de ideias. A organização da frase obedece a uma ordem rigorosa com o intutio de convencer a ensinar:

Para um homem se ver a si mesmo, são necessários três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo há mister luz, há mister espelho e há mister olhos (Pe. Antônio Vieira)

6. Principais temas barrocos

morte;
sobrenatural;
fugacidade da vida e ilusão;
castigo;
heroísmo;
erotismo;
cenas trágicas;
apelo à religião, ao céu;
arrependimento;
sedução do mundo.


"Era pelos sentido e pela imaginação, e não pela razão, que o Barroco conquistava o homem." (Afrânio Coutinho).


Referências Bibliográficas

FARACO & MOURA, Literatura Brasileira. 10ª ed. São Paulo: Ática, 2000.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Atenção: os grupos e poemas para a apresentação!

Olá a todos!

Abaixo está a Lista Oficial das apresentações que se iniciam na quinta-feira (21/10/10)
Vale salientar que essa ordem não é ordem de apresentação, já que serão sorteados no dia.


1. Rosiani, Aricleia, Maria Cristina e Verônica Brito (p. 74)
2. Letícia, Janaíne, Maria Luiza e Jussara. (p.124)
3. Renata Batista, Renata Holanda, Gilberlânia e Fábia Souza (p.122)
4. Layla, Michelle Amancio, José Leandro e Emanoel (p. 46)
5. Josilene , Tatiana, Gilmária e Suiamia. (p. 44)
6. Tatianne, Aline, Darley e Ramon (p. 43)
7. Ana Cláudia, Paula, Daniela Brito e Wênia Dutra (p. 91)
8. George Patrick, Verlúcia, Marilene e Marleide (p. 45)
9. Emanuel Messias e Viviane (p. 50)
10. Jayane, Samira, Liege e Poliana (p. 51)
11. Margarida, Valéria e Geralda (p. 47)
13. Nayane e Marcia Marques (p. 37)
14. Maria do Carmo e Leidiane (p. 81)

Boa Sorte e Abraço a todos!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ATENÇÃO: EXERCÍCIO DE REPOSIÇÃO

Segue abaixo o exercício de Reposição:

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Exercício de Literatura Brasileira I


Caracterize detalhadamente a produção literária de Anchieta, usando como exemplo a obra A Santa Inês.


Para responder esse exercício, Baixe o poema -> A Santa Inês

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Boa Sorte!
^^

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Vale a pena conhecer

Oiii

Já iniciamos os estudos sobre a Carta de Caminha certo? (Com direito a exercício e tudo mais.)
Mas, quem é esse homem tão abordado no ensino da Literatura Brasileira?

Pero Vaz de Caminha

Missivista português nascido provavelmente no Porto, responsável pela redação do primeiro documento da história do Brasil, a famosa carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I, relatando o primeiro encontro dos portugueses com os nativos brasileiros, datada de Porto Seguro, sexta-feira, 1º de maio de 1500. De uma família próxima da corte e amigo do rei, cavaleiro das casas de D. Afonso V, D. João II e D. Manuel, e mestre da Casa da Moeda do Porto (1476), integrava a esquadra de Pedro Álvares Cabral em viagem para a Índia, como escrivão nomeado para a feitoria de Calicute. Já na Índia, teria sido uma das vítimas da tragédia ocorrida nessa feitoria, em que vários comandados de Cabral foram massacrados pelos mouros. Sobre a carta sabe-se que foi levada para Lisboa por Gaspar de Lemos, comandante da nau de mantimentos da esquadra e que por mais de três séculos, permaneceu nos arquivos portugueses, só tendo sido publicada pelo historiador Manuel Aires do Casal, na sua famosa Corografia brasílica (1817). Possui, no original, 27 folhas de texto e uma de endereço e foi mencionada pela primeira vez quando foi encontrada pelo guarda-mor do arquivo da torre do Tombo, em Lisboa, José de Seabra da Silva (19/02/1773).

Querem saber mais sobre outros autores que iremos estudar nessa disciplina?
Confiram o post: Seção Biografias

Abraços!

sábado, 31 de julho de 2010

Para vocês




Olá turma do 3º Período!!

Sejam Bem Vindos!!!

Esse é um cantinho feito exclusivamente para vocês, pois faz parte da monitoria de Literatura Brasileira I. O projeto do Blog foi elaborado por mim e é supervisionado por meu orientador , e também professor da disciplina, Nelson Eliezer. Se observarem vocês encontraram vários posts sobre todo o conteúdo da disciplina, já que esse blog foi feito semestre passado. Com eles, vocês poderão ter uma ideia do que os aguarda. Será também adicionado vários outros posts de acordo com os conteúdos abordados em sala. Espero que gostem, pois aqui é mais um lugar para expandir os conhecimentos adquiridos. Não esqueçam de deixar recados no mural dando-nos sua opinião.

Obs: O blog não subtitui o monitor. Confira meu horário -> Horário da Monitoria



sexta-feira, 11 de junho de 2010

O que é Lira?


A lira é um instrumento de cordas conhecido pela sua vasta utilização durante a antiguidade. As récitas poéticas dos antigos gregos eram acompanhados pelo seu som, ainda que o instrumento não tivesse origem helênica. O gênero de instrumento a que pertence a lira terá tido o seu alvorecer na Ásia, inferindo-se que terá entrado na Grécia através da Trácia ou da Lídia. Enquanto que os primeiros intérpretes, heróicos, e aqueles a quem se reconhecem melhoramentos no instrumento eram das colônias da Iónia, da Eólia ou da costa adjacente ao império Lídio, os mestres propostos pela mitologia grega eram Trácios: Orfeu, Museu e Tamíris.

Logo, a lira na literatura, como é o exemplo da obra Marília de Dirceu, era uma poesia cantada utilizando-se desse instrumento.

A estrutura da obra é a seguinte:

O poema é dividido em 3 partes. A primeira, com 33 "liras", com refrões guardando certa similitude entre si. A segunda, de 38 liras, possivelmente escrita na prisão, revela um teor menos referente à amada.

Obs: A obra completa já está disponível na página DOWNLOADS

Boa sorte nas apesentações!
^^

Claudio e Tomás

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)

Português da cidade do Porto, veio morar no Brasil com seu pai, aos sete anos, estudou no Colégio dos Jesuítas de Salvador e depois, estudou Direito em Coimbra. De volta ao Brasil, já como magistrado, foi morar em Vila Rica, hoje Ouro Preto, onde fora nomeado ouvidor-geral. Na ocasião, reencontrou seu companheiro de Coimbra, Alvarenga Peixoto, que morava na cidade vizinha, São João D'el-Rei. Conheceu Cláudio Manuel da Costa e muitos outros com quem se encontrava nos salões literários promovidos em suas casas.

"Cartas Chilenas"
A capitania de Minas Gerais tinha um governador autoritário, Luís da Cunha Meneses, os desmandos e ilegalidades de sua administração, provocaram a ira da população, que sofria com o excesso de cobrança de taxas. Gonzaga, mesmo num cargo importante, era desrespeitado pelo capitão-geral. Reagiu e denunciou o governador à rainha, que o substituiu. Ao mesmo tempo escreveu as "Cartas Chilenas", um poema satírico, sob o pseudônimo de Critilo, no qual denunciava e debochava do "Fanfarrão Minésio", referência quase direta a Cunha Meneses, que ainda estava no poder, quando o poema começou a circular clandestinamente. Por muito tempo não se teve certeza de quem seriam realmente as "Cartas". Hoje, depois de muitos estudos, não há mais dúvida de que foram mesmo escritas por Gonzaga.

A jovem Dorotéia
Na mesma época, conheceu a adolescente Dorotéia de Seixas, sua eterna musa Marília, por quem se apaixonou. Depois de alguma resistência da família, devido a diferença de idade e de fortuna, o pai da moça permitiu o casamento. Todavia, não chegou a realizar-se. Com a chegada do novo governador, o visconde de Barbacena, amigo do poeta, foi decretada a "derrama", isto é, a cobrança de todos os impostos atrasados, causando uma imensa revolta na população, a Inconfidência mineira, que queria fazer de Minas uma república independente de Portugal. Ainda que Gonzaga não tenha participado diretamente da sublevação, era simpático à causa e todos os seus amigos aderiram ao movimento. Os chamados inconfidentes foram presos e julgados, alguns deportados para a África, como o próprio poeta, que depois de algumas transferências em prisões brasileiras, foi enviado para Moçambique. Tiradentes, um dos líderes, foi morto e esquartejado em praça pública.

"Marília de Dirceu"
Enquanto estava preso no Brasil, produziu "Marília de Dirceu", obra do Arcadismo foi publicado em Lisboa, por seus amigos. Inspirado em Dorotéia, com quem não pôde mais casar, Gonzaga escreveu suas liras, onde a natureza vira o local perfeito (locus amoenus), sagrado e ideal para os pastores viverem sua paixão ingênua. Este poema bucólico, de inspiração clássica, foi publicado em várias línguas e é a sua principal obra.


Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)
Foi contemporâneo de Tomás Antônio Gonzaga, outro grande nome do arcadismo brasileiro" em seus tempos de magistrado em Vila Rica (hoje Ouro Preto). O poeta era muito respeitado por seu incrível talento de poeta e de sua sensibilidade. Mineiro de Mariana, este admirador de Pombal estudou no colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro e fez Direito em Coimbra, a segunda maior cidade de Portugal. Em Vila Rica dedicou-se à advocacia e às terras deixadas por sua família. Foi um dos acusados pela Inconfidência Mineira. Preso e interrogado, teve que revelar alguns nomes, o que provocou a prisão e o degredo de alguns de seus amigos. O fato deixou o poeta neoclássico deprimido, levando-o ao suicídio no cárcere.

Glauceste Satúrnio
O poeta árcade usava o pseudônimo de Glauceste Satúrnio em seus poemas bucólicos: sonetos, cantatas, romances e écoglas, que compõem "Obras". Várias são as pastoras a quem o eu lírico se refere, sem, no entanto, jamais alcançá-las. Com uma cultura humanística evidente, escrevia ao estilo petrarquiano, ou seja, por meio de fórmulas de composição que se valem de organizações sistemáticas de frases e ritmos, sempre tendo a natureza como testemunha ou aliada. Sua poesia é rica e elegante, sem banalidades e ostentações. É considerado o nosso poeta neoclássico mais completo, pois ainda que nem sempre tenha realizado a melhor poesia, tinha clareza de como deveria ser feita, como revela no Prólogo já citado: "É infelicidade que haja de confessar que vejo e aprovo o melhor, mas sigo o contrário na execução".

fonte: http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u43.jhtm
http://educacao.uol.com.br/portugues/ult1706u44.jhtm


Arcadismo

Marco inicial:
Publicação das "Obras Poéticas", de Cláudio Manuel da Costa e fundação da Arcádia Ultramarina, movimento poético-literário que dá início ao Arcadismo, em 1768.

Marco final:
Publicação do livro de poemas Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães, em 1836.

Contexto histórico
O Arcadismo no Brasil desenvolveu-se concomitantemente ao chamado ciclo do ouro, em Minas Gerais e teve em Vila Rica (atual Ouro Preto) seu principal centro de difusão. Alguns de seus integrantes estiveram ligados à Inconfiência Mineira, principal evento político do século 18 no Brasil.

Contexto Cultural
A riqueza gerada pela mineração criou tardiamente obras arquitetônicas, esculturas e pinturas no estilo barroco, como se pode ver ainda hoje nas cidades históricas mineiras. No âmbito das idéias e da literatura, porém, já sopravam os ventos do iluminismo. O iluminismo, que valorizava a razão, significava uma ruptura com o barroco, marcadamente religioso. Nesse sentido, resgatava os ideais do classicismo, inaugurando um neoclassicismo, sob a inspiração da civilização greco-romana.

Características do estilo
Entre as características que se destacam nas obras árcades brasileira, uma é a valorização da natureza - que reflete o primeiro desencanto da humanidade com a civilização urbana. Elementos como os campos, rios, vales e flores têm presença constante nas obras desse período. Por esta razão, era comum aos poetas árcades, ficcionalmente, assumirem o papel de pastores da Arcádia - uma região da Grécia antiga (dái surgiu o nome Arcadismo). Nos poemas, marcadamente líricos, expressavam o amor por suas pastoras. Finalmente, marcam o estilo dos autores árcades a simplicidade da vida bucólica, versos simples, que propiciassem a integração da poesia com a música e se contrapusessem ao estilo rebuscado do barroco.

Principais autores

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789)

Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810)

Basílio da Gama (1741-1795)

Fonte: http://educacao.uol.com.br/literatura/ult1706u23.jhtm


sábado, 15 de maio de 2010

Dicas para analisar os poemas barrocos

Como todos sabem a 2ª nota da Lit. Brasileira I (ano 2010.1) será análise de um poema barroco (de Gregório ou de Manuel de Botelho de Oliveira). Por isso posto aqui umas dicas para auxiliá-los:

* Observe o texto antes de ler. Olhe a estrutura externa dele (o seu visual). Quantas estrofes possui, quantos versos (se trata-se de um soneto ou não, etc...);

*Faça uma leitura mais desprendida do plano externo, buscando mais o conteúdo do texto*. Não se preocupe, você não irá saber tudo o que o poeta quis dizer nessa primeira leitura. Logo, para ir entendendo a mensagem do poema você irá precisar do item a seguir:

* Paciência: para fazer análise de qualquer poema deve-se ler atentamente cada verso. E como vocês irão analisar um poema barroco (que não é tão fácil) deve-ser ter mais paciência para ler e reler quantas vezes forem preciso até o texto ir tornando mais claro para você.

* Nessas releituras concerteza você irá achar palavras que não conhece (palavras típicas da época), então, esteja com um bom dicionário do lado, pois ele será um ótimo guia.

* Preste atenção em críticas feitas em alguns poemas (como os de Gregório). Alguns desses citam pontos históricos da época. Então que tal dar uma pesquisada sobre isso e ampliar mais o conhecimento do poema?

* Não estranhem as metáforas. É típico do Barroco unir coisas totalmente contrárias, então esteja aberto para receber (ler) coisas que podem parecer confusas inicialmente, mas que devem ser observadas com cuidado, pois tem um propósito de estarem ali.

* O principal: Não esqueçam que análise de poema é relativa. Cada pessoa analisa um poema de forma única, ou seja, não tenham medo de achar que a sua análise está errada porque é diferente da análise de outra pessoa. Junte ideias, observe o ponto de vista do seu parceiro e compare com o seu. Mas cuidado para não fugir totalmente da ideia do poema. Lembre-se o poema tem uma ideia central que tem de ser "encontrada".


Para auxiliar mais ainda, encontrei um ótimo texto sobre como se analisar poema. Dêem uma conferida: http://aulaportugues.no.sapo.pt/analisapoema.htm

Agora resta-me dizer: Boa sorte e até as apresentações de quinta!
Abraços!


*apesar que o plano externo complementa o plano interno, nunca esqueçam disso!

Barroco: Autores e Poesia

PRINCIPAIS AUTORES

Bento Teixeira

[Iniciador do Barroco no Brasil, autor de Prosopopéia.]

Veio cedo para o Brasil; formou-se no Colégio da Bahia, onde foi professor de primeiras letras.
Assassinou a mulher em 1594; fugindo à prisão, refugiou-se em Pernambuco, no convento dos beneditinos, em Olinda. Publicada em 1601, de grande valor histórico, a obra mais famosa do escritor é o poema épico, Prosopopéia. Nele, o escritor fala sobre a vida e o trabalho de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da Capitania de Pernambuco, e seu irmão, Duarte. É a única obra reconhecida e aceita como de sua autoria. Além disso, é a primeira obra com finalidade meramente literária publicada em solo brasileiro.


Gregório de Matos

[O Boca do Inferno; poeta maior do Barroco brasileiro.]

Sua própria produção poética — lírica, religiosa, satírica — já mostra a alma barroca deste poeta. Ao lado de expressões de amor carnal, manifestou aspirações religiosas; ao lado de poesias sérias e reflexivas sobre a condição humana, debochou e satirizou a sociedade da época, notadamente a baiana. A dualidade barroca percorre toda a obra de Gregório de Matos, vazada numa linguagem bem trabalhada, capaz de traduzir sua angústia metafísica e religiosa, sutil para expressar seus sentimentos amorosos e objetiva e popular nas sátiras. Tinha por apelido "Boca do Inferno", devido ao teor de seus poemas.

Sua poesia religiosa é sempre do pecador que se penitencia através de uma lógica argumentativa; enquanto a poesia lírica é sensualista e elogiosa.

Em Salvador, levou vida desregrada, tendo famosos encontros amorosos com freiras e compondo poemas satíricos, por isso foi banido em 1694 para Angola.

Nunca em vida Gregório de Matos publicou um livro, e suas poesias, colecionadas e publicadas apenas por seus admiradores, sobrevive até hoje em antologias.

Padre Antônio Vieira

[Maior orador sacro de nossa literatura.]

Participava ativamente da Companhia de Jesus e da política portuguesa de sua época, apesar de passar a maior parte de sua vida no Brasil. Destacou-se como importante orador jesuítico em língua portuguesa, sendo famoso por seus sermões.

Apresentava idéias a favor dos cristãos-novos e contra a escravidão do negro e principalmente do índio, sofreu críticas e perseguições, tendo-se envolvido com a Inquisição.

Desenvolve seus sermões por meio de raciocínios tortuosos, em longos períodos, através de um encadeamento profundamente lógico. Traduz suas idéias através de parábolas, fazendo uso principalmente da metáfora.

Manuel Botelho de Oliveira

[Autor de Música do Parnaso (1705), primeira obra publicada por um autor brasileiro.]

O primeiro escritor nascido no Brasil a ter um livro publicado. Sua principal obra é a coletânea de poemas Música do Parnaso (1705), em que se destaca o poema À Ilha Maré. Este poema é um dos primeiros a louvar a terra, descreve com todo o esmero de vocabulário típico dos barrocos os muitos frutos brasileiros, lembrando sempre a inveja que fariam às metrópoles européias.

Em sua obra, faz uso constante de analogias (campos semânticos) e acentua os contrastes através de antíteses e paradoxos.


POESIA BARROCA

Em sua evolução histórica, a poesia barroca atravessou três momentos, cada qual com suas peculiaidades:

1) ocupando, grosseiramente, a primeira metade do século XVII, caracteriza-se pela influência da Camões e de escritores castelhanos; representa-o Bento Teixeira;

2) corresponde à segunda metade do século XVII, assinala o desabrochar de uma poesia já de índole brasileira, sem embargo de permanecer a influência camoniana e espanhola; surge o grupo baiano, representado por Gregório de Matos, Eusébio de Matos, Domingos Barbosa, Bernardo Vieira Ravasco e Grasson Tinoco;

3) caracteriza-se pelo exagero do Barroco e o aparecimento das academias literárias ( a partir de 1724, com a Academia dos Esquecidos); pertecem a esse período Manuel de Botelho de Oliveira, Frei Manuel de Santa Maria Itaparica e outros.


REFERÊNCIAS:

MOISÉS, Massaud de. A literatura brasileira através dos textos. 26 ed. São Paulo: Cultrix, 2007.

http://www.colegioweb.com.br/literatura/autores-do-barroco

Barroco no Brasil

Eu particularmente ADORO esse estilo literário. Vamos ao resumo sobre esse momento da literatura brasileira:

Massaud de Moisés nos diz:
"A época do Barroco inicia-se em 1601, quando Bento Teixeira publica seu poema épico, Prosopopéia, e termina em 1768, com a publicação das Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, que encetam o movimento arcádico. Durante a vigência da estética barroca, importada diretamente da espanha, nessa altura dominando Portugual, e dos poetas portugueses do século VXI, cultivavam a poesia, a historiografica, a literatura doutrinária ou de informação da terra e a oratória". (2007, p.35)

Painel Histórico-cultural do Barroco

a) O Barroco é conhecido como a arte da Contra-Reforma.

b) A reação da Igreja Católica ao protestantismo luterano e calvinista principiou com a convenção do Concílio de Trento, realizado entre 1544 e 1563, na localidade de Trento, norte da Itália.

c) A cúpula da Igreja Católica, reunida em Trento, resolveu iniciar uma Contra-Reforma, que atuava por meio de um órgão executivo: a Santa Inquisição, sistema eclesiástico, ideológico-administrativo, de censura, que, por intermédio do Tribunal do Santo Ofício, investigava, levava a julgamento e condenava aqueles que não contribuíssem para a preservação, defesa e manutenção da Doutrina Católica, nos termos em que fora instituída no Concílio de Trento.

d) Três vítimas famosas da perseguição da Contra-Reforma: Galileu Galilei, Giordano Bruno e Copérnico.

e) Assim, a época barroca é marcada pela contradição: de um lado, o Humanismo clássico e o Renascimento, com apelos ao racionalismo, ao prazer e ao apego aos bens materiais (é o Antropocentris-mo). De outro, o homem é pressionado pela Igreja Católica a um regresso ao Teocentrismo medieval, à renúncia aos prazeres, à mortificação da carne.

f) O Barroco Literário, então, convive com valores opostos: fé x razão, alma x corpo, bem x mal, perdão x pecado, espírito x matéria, Deus x homem, virtude x prazer.

Características do estilo barroco.

a) CULTISMO ou GONGORISMO – É o jogo de palavras; é o rebuscamento da forma, é a obsessão pela linguagem culta, erudita, por meio de inversão da frase (hipérbato), do uso de palavras difíceis.

É o abuso no emprego de figuras de linguagem, especialmente a metáfora, a antítese e o hipérbato.

O principal cultista do barroco mundial foi o espanhol Luiz de Gôngora. No Brasil, Gregório de Matos.

b) CONCEPTISMO – É o aspecto construtivo do Barroco, voltado para o jogo das idéias e dos conceitos.

É a preocupação com as associações inesperadas, seguindo um raciocínio lógico, racionalista.

O principal conceptista do barroco mundial foi o espanhol Francisco de Quevedo. No Brasil, padre Antônio Vieira

c) TEOCENTRISMO x ANTROPOCENTRISMO – O rebusca-mento da arte barroca é reflexo do dilema em que vivia o homem do seiscentismo (os anos de 1600). Daí as preferências por temas opostos: espírito e matéria, perdão e pecado, bem e mal, céu e inferno. Tudo isso gerava a preocupação com a brevidade da vida (carpe diem).


REFERÊNCIAS

MOISÉS, Massaud de. A literatura brasileira através dos textos. 26 ed. São Paulo: Cultrix, 2007.

http://www.colegioweb.com.br/literatura/caracteristicas-do-estilo-barroco



sexta-feira, 30 de abril de 2010

Discutindo a "Prova" aplicada no dia 22/04/10

Vejamos as questões contidas nessa "prova":

1. De que modo a leitura em sala de aula dos relatos dos viajantes europeus pode favorecer discussões sobre literatura, história e cultura?

A leitura e análises dos relatórios dos viajantes europeus são (e sempre serão) de extrema importância para nosso país. Neles estão contidas as primeiras impressões, os primeiros dados, os primeiros contatos com os nossos nativos. O primeiro relato foi a famosa Carta de Caminha, um documento histórico de grande valia, com uma visão do Brasil-edênico. Outros relatos estudados foi a História da Província de Santa Cruz de Pero de Magalhães Gândavo, Tratados da Terra e gente do Brasil de Fernão Cardim e A verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens de Hans Staden. Essa pluralidade de textos nos favoreceu para o estudo desse Brasil inicial, em que percebemos claramente que cada um desses autores tem suas especificidades, seus modo de contar, suas características bem marcantes. Com eles podemos estudar os nativos de nossa terra, sua geografia, seu processo de construção e criação de país, em suma, um estudo valioso para conhecer a história do início do nosso Brasil. O que mais nos chama a atenção nesses relatos, principalmente os desses autores citados, é a descrição da cultura indígena. Cada autor nos mostra um pouco mais dessa cultura tão rica e tão diversificada em relação a cultura européia.
Vale destacar a ilustre presença de um relato de um alemão, Hans Staden, que não está incluso no cânone brasileiro, mas que podemos observar o grande valor que contém sua obra. Ele nos mostra uma uma visão diferente da visão dos portugueses, uma visão de alguém que viveu mais com os índios e que contribuiu para nós esclarecermos (e conhecermos) mais dados sobre esses povos. Em suma,todos eles nos deixam grande contribuição histórica do Brasil.
Esses tipos de relatos não poderiam deixar de ser também importantes para a literatura, já que história e literatura andam sempre juntas. Sim, a literatura analisa o modo como foi descrito esse “Novo mundo”, o uso da língua desses viajantes, em que as vezes se utilizam de metáforas empolgantes para nos relatar algo tão admirável, algo nunca visto antes: “e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam.” O estudo dessess textos são inclusos na Literatura de Informação, que apresenta aos alunos um ponto fundamental para a literatura: A visão européia e o modo como eles descreveram (e vêem) o Brasil Colonial. Ainda na literatura, vemos que esses textos são fundamentais (e foram bases) para se entender movimentos literários que surgiriam mais adiante, como o Romantismo e o Modernismo. Sendo assim, esses autores, Caminha, Gândavo, Cardim e Hans Staden, entre outros, são fontes inigualáveis quando se trata das informações do inicio da história do nosso Brasil.

Ousando mais eu arriscaria dizer isso: Poderíamos resumir o estilo dos autores :Caminha, Gândavo, Cardim e Hans Staden, seríam, respectivamente, o empolgado, o mercenário, o estudioso e o azarado.

2. Caracterize a produção poética de José de Anchieta

José de Anchieta foi um jesuíta grandioso, um homem de autêntica vocação literária. Aprendeu a língua nativa (em seis meses) e redigiu a Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil(1595). Sua produção poética é vista dividida em poesia, prosa e obras teatrais. Na poesia escreveu em Português, Espanhol, Tupi e Latim. Fez poemas em verso medieval com um auto caráter didático e religioso. Os seus poemas que se destacam são A Santa Inês, Do santíssimo sacramento, Em Deus meu criador. No teatro tinha propósitos moralizantes fundidos com pretensão pedagógica, ou seja, as peças de Anchieta apresentam um denominador comum: objetiva o ensino e a catequese. Na prosa, além da Arte de Gramática (que ostenta importância lingüística e etnográfica) está toda reunida num volume, composto de Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões. Assim como na poesia e no teatro, na prosa também se manifesta o talento histórico; relatava com um entusiasmo emotivo e com um grande estética.

3. Explique como a literatura foi utilizada no período colonial para dar suporte ao processo de enriquecimento da metrópole e de expansão do catolicismo.

A literatura foi um dos veículos utilizados principalmente pelos jesuítas para obter a catequização dos nativos. Afim de torná-los cristãos e “salvarem suas almas”, os portugueses produziam obras quase que totalmente voltados para essa função. Esse investimento tinha um porque: a apropriação das novas terras era ponto central para os potugueses, para promover a ampliação das riquezas, fortalecer a metrópole. Claro que para isso eles tinham que retirar os nativos do caminho, nativos esses que os assustavam pela sua cultura “diferente” e , principalmente, pelo seu ritual antropofágico. Era preciso frear isso, portanto, nada melhor que torná-los cristãos e porque não fazer deles bons escravos para o engrandecimento de Portugual. Para conseguir isso tudo era preciso destruir essa cultura “errada”, tornar os inimigos em subornidados. Logo, o catolicismo foi o revestimento perfeito para essa conquista e para essa sucção de riquezas. Então fica esclarecido o porque de muitas vezes termos a presença de obras didáticas recheadas de um caráter mercenário utilizando o nome de Deus.


E agora é aguardar as notas na quinta!
Beijo a todos e bom final de semana!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Comparações

Muitas pessoas sentem uma dificuldade em comparar os autores estudados. Mas observemos que não se trata de comparar milimetricamente o que cada um diz com o que o outro fala. Basta termos uma compreensão geral do modo como cada um descreve (define) o Brasil colônia. Ou seja, o post anterior a esse (Lembrete importante) ajudará muito neste ponto.
Abaixo, irei apontar alguns trechos interessantes nas obras em questão, grifando as palavras-chave de cada trecho. Vejamos:

Em História da província de Santa Cruz, Pero de Magalhães Gândavo nos fala o seguinte sobre o gentio :

"São desagradecidos em grã maneira, e mui desumanos e cruéis, inclinados a pelejar e vingativos por extremo. Vivem todos mui descansados sem terem outros pensamentos, senão de comer, beber, e matar gente, e por isso engordam muito. (...) São mui desonestos e dados à sensualidade, e assim se entregam aos vícios como se neles não houvesse razão de homens." (pág. 122)

Alfredo Bosi em História Concisa da Literatura Brasileira nos diz o seguinte sobre essa visão de Gândavo: "Sua atitude em face do índio prende-se aos comuns padrões culturais de português e católico-medieval; e vai da observação curiosa ao juízo moral negativo, como se vê neste comentário sério e jocoso sobre a língua tupi:

"Esta é mui branda, e a qualquer nação fácil de tomar. Alguns vocábulos há nelas de que não usam senão as fêmeas, e outros que não servem senão para os machos: carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente sem terem além disto conta, nem peso, nem medido." (pág. 122)

A obra de Gândado é de fundamental importância para o estudo da história do Brasil. Essa obra foi o primeiro livro dedicado inteiramente a descrição da "nova terra", com grande valor para estudar sobre o início de nossa história. Mas vale salientar que esta obra possui muitas pretensões políticas e muitos julgamentos que nos impede de conhecer-mos mais sobre os gentios.

Vejamos trechos do livro de Fernão Cardim, Tratados da terra e gente do Brasil, que se contrapõe com os de Gândavo:

"Todos andam nus assim homens como mulheres, e não têm gênero nenhum de vestido e por nenhum caso verecundant, antes parece que estão no estado de innocencia nesta parte, pela grande honestidade e modestia que entre si guardão." (pág. 89)

"Em toda esta provincia ha muitas e varias nações de differentes línguas, porém uma é a principal que comprehende alguma dez nações de Indios (...) porém são todos estes de uma só lingua ainda que em algumas palavras descrepão e esta é a que entedem os Portuguezes; é fácil, e elegante, e suave, e copiosa, a dificuldade della está em ter muitas composições." (pág 101)

Massaud Moisés em A literatura Brasileira através dos textos nos diz o seguinte sobre Cardim:
"Espírito aberto, jovial, sensível às coisas novas que ia observando, descontraído e desarmado em face do espetáculo inédito que lhe ofertava um povo inculto numa terra virgem (...). Lendo-o , tem-se a impressão de estar recebendo as primeiras sensações desencadeadas pela terra nova numa psicologia ainda plástica e imune a maiores preconceitos." (pág. 54)

Em Hans Staden, no livro A verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens temos o seguinte:

"Eles não têm nenhum direito estabelecido e também nenhum governo próprio. Cada cabana possui um chefe que é, por assim dizer, um rei. Todos os chefes são da mesma linhagem, tendo poderes iguais de mando e de governo - independente de como se queira chamá-los. Quando um deles mata o outro, com um golpe ou uma flechada, os parentes do morto tomam providências para vingá-lo. Mas isso acontece raramente. (pág. 146)

"Trata-se de um povo em que homens e mulheres são tão belos, no corpo e aparência , como aqui em nossa tera; só que eles estão bronzeados pelo sol, visto andarem todos nus - tanto os jovens quanto os velhos - , sem nunca cobrirem as partes vergonhosas." (pág. 141)

"O que vale como uma honra entre eles é ter aprisionado e matado muitos inimigos, pois é esse o seu costume. O número de inimigos que um homem matou equivale ao número de nomes que ganha. Aqueles que têm mais nomes são os mais distintos entre eles." (pág. 156)

"Eles não comem seus inimigos porque têm fome, mas sim por odio e grande hostilidade (...) Fazem isso tudo por causa de sua grande inimizade." (pág. 161)

Em Hans vemos uma descrição mais imparcial, em que ele nos explica coisas acerca dessa cultura . Seu relato em momentos se assemelha mais a Cardim, mas vale lembrar-nos que Hans foi um prisioneiro, e que em seu relato ele vai descrevendo e explicando o máximo possível com intuito também de atestar a veracidade do que escreve.

Há um ponto interessante em que Gândavo e Cardim concordam:
Gândavo:

"Antes são tão amigos uns dos outros, que o que é de um é de todos, sempre de qualquer coisa que um coma por pequena que seja todos os circunstantes hão de participar dela." (pág. 124)

Cardim:
"e como tem que comer não o guardão muito tempo, mas logo comem tudo o que têm e repartem com seus amigos, de modo que de um peixe que tenhão repartem com todos (...)" (pág. 88)

Depois de apontar tantos trechos e tantas discussões acerca dessas visões creio que estão preparados para a prova de amanhã!
Boa sorte para vocês!
Beijos!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOSI. Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43 ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

CARDIM, Fernão. Tratados da terra e gente do Brasil. São Paulo: Itatiaia, 1980.

GANDAVO. Pero de Magalhães de. História da Província de Santa Cruz. São Paulo: Hedra, 2008.

MOISÉS, Massaud de. História da literatura brasileira; origens, barroco, arcadismo e romantismo. 6. ed. São Paulo: Cultrix, 2001.

______, Massaud de. A literatura brasileira através dos textos. 26 ed. São Paulo: Cultrix, 2007.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Lembrete importante!

Antes de comparar os autores trabalhados, vale lembra-lhes de pontos essenciais para uma boa desenvoltura na prova e na própria absorção do conteúdo estudado:

Gândavo é um português que escreve a sua História destinada ao Dom Lionis Pereira, ou seja, a um superior; portanto a obra é escrita com cautela, com uma visão que sempre mostra a superioridade e a grande conquista que Portugual tem em se apropriar do Brasil.

Cardim também é português, mas está incluído na missão jesuítica no Brasil, em que em sua Narrativa Epistolar de uma viagem e missão jesuítica nos fica bem claro suas intenções de catequização do índio afim de torná-los cristãos. Em seus tratados ele não se dirige a um superior, portanto escreve "sem formas", em que em vários momentos vemos mais um olhar de um estudioso do que um viajante julgador.

Hans Staden é um alemão que foi aprisionado pelos índios e que a partir daí pôde conviver na cultura deles (numa posição inferior aos gentios, ou seja, como prisioneiro ameaçado de ser comido a todo momento) e observá-los de uma maneira mais aprofundada em suas vidas. No seu primeiro livro temos uma narrativa empolgante muito parecido com uma obra de ficção. No segundo livro (o que foi trabalhado em sala de aula) temos uma descrição dessa nova cultura conhecida por ele e todas as coisas que fazem parte dela (suas moradias, seus hábitos alimentares, etc.). Com frases como "eu vi", "eu mesmo comi", entre outras, nos dá uma maior "segurança" em relação as suas descrições pelo fato de não haver interesses estilísticos e nem econômicos em seus relatos.

Obs: A comparação entre eles será postado somente amanhã, pois adoeci nesse final de semana e hoje não poderei fazê-la por completo. Obrigada pela compreensão.

O que Literatura Jesuítica?

Algumas pessoas misturam um pouco a literatura de informação e a literatura jesuítica. Vejamos esse texto que resume os dois conceitos:

"O primeiro século de colonização do Brasil foi marcado pela tentativa européia de descrição e dominação do Novo Mundo. A nova terra, cheia de animais e plantas exóticos, e seus estranhos habitantes, de costumes inusitados e por vezes assustadores, geraram uma literatura composta basicamente por cartas, relatos de viagem e tratados descritivos. Essa literatura, denominada Informativa, procurava contar todas as novidades àqueles europeus que não se atreviam a fazer uma viagem tão atribulada. Além disso, temos a obra dos padres jesuítas que vieram ao Brasil para catequizar os nativos. Eles criaram uma literatura de caráter didático, por meio da qual procuravam levar, e muitas vezes forçar, o índio a adotar a fé cristã. Nessa literatura jesuítica, o mais destacado, tanto como missionário quanto nas escritas, foi o padre José de Anchieta, que deixou inúmeros poemas e peças doutrinárias de valor literário."

Além disso, vale lembrar outros pontos fundamentais

a) Os jesuítas instalados no Brasil eram agentes da Contra-Reforma. Por isso, a atividade principal dos padres era o trabalho de catequese.

b) Num trecho da Carta de Caminha, o autor solicita ao rei que envie gente para a terra recém-descoberta: “Não deixe logo de vir clérigo para os batizar...”

c) Os jesuítas contribuíram para a destribalização dos indígenas, tentando incutir-lhes uma educação européia.

d) Pondo em primeiro plano a intenção pedagógica e moralizante, os textos que produziram têm caráter mais didático que artístico.

e) Nesta linha didática, está o Pe. Manuel da Nóbrega, com o seu Dialogo sobre a Conversão dos Gentios.

f) Em todo o século XVI, só uma figura transpôs a linha do meramente informativo e didático para incluir-se no plano artístico-literário: padre José de Anchieta.


Massaud Moisés nos diz:
"Grande número de jesuítas que deixaram notadamente em cartas, o registro das suas observações acerca da realidade sócio-geográfica do Brasil e de suas peregrinações missionárias: Antônio Blásques, Leonardo do Vale, João de Aspilcueta Navarro, Leonardo Nunes, Luís da Grã, Francisco Pires, Manuel da Nóbrega, José de Anchieta, Fernão Cardim e outros. Os três últimos, porque os principais, merecem análise detida." (pág. 34 e 35)
Como Cardim já foi discutido aqui, vamos falar um pouco de Nóbrega e Anchieta.

Padre Manuel da Nóbrega

"Sua obra de destaque Diálogo sobre a conversão do Gentio cuja redação se deu em 1558, e talvez, melhor em 1557, encerra especial interesse: a par de informações, oferece-nos uma ideia do pensamento do autor e, mesmo, da Companhia de Jesus no Brasil, visto ter sido ele seu primeiro Superior e Provincial. Mais liberto das obrigações de noticiar e de solicitar a ajuda reinol para as tarefas ecumênicas entre nós, o jesuíta põe-se a fazer doutrina em torno dum problema pragmático de suma relevância para o destino da Ordem e, por tabela, da Nação que desponta: a educação do gentio segundo os princípios cristãos, o que significa considerá-lo humano e igual ao branco (...). O Diálogo mostra evidentes intuitos literários, a partir da utilização do diálogo como recurso expositivo (“Diálogo” é um gênero literário em que o autor simula uma palestra ou debate entre personagens reais ou fictícios para comprovação de algo.) (...) O estilo e o conteúdo das falas mostram coerência, cada personagem articula sempre os pensamentos numa dicção apropriada. Nesta obra, apesar das ressalvas que se lhe possam apontar e as limitações de que padece, constitui o primeiro documento literário em prosa escrito no Brasil e com os olhos voltados para a sua específica realidade social."

Faça o download desta obra na página DOWNLOADS


Padre José de Anchieta

Para os índios, foi médico, sacerdote e educador: cuidava do corpo, da alma e da mente. Na catequese, usava o teatro e a poesia, tornando a aprendizagem um processo prazeroso. Ensinou latim aos índios, aprendeu tupi-guarani com eles. A sua obra, diversificada quanto aos géneros, linguagem e estilo, tem quase sempre uma função pragmática, com objectivos teológicos e moralizadores definidos e destinatários precisos. É na poesia, teatro, sermões e cartas que se encontram os melhores momentos da sua obra. "Mais do que qualquer outro jesuíta do tempo e dos séculos XVII e XVIII, foi senhor de autêntica vocação literária. Além disso, a sua atividade intelectual, embora mesclada à catequese e ao ensino religioso, ostenta o mérito de ser pioneira no alvorecer do Brasil - Colônia. Suas obras poéticas, teatrais e em prosa, denotam sempre talento estético cujo despertar a tarefa missionária não abafou, antes, permitiu e estimulou. (...). Se a oratória e os escritos historiográficos não subiram tão alto, ao menos sobressaem como as primeiras manifestações do gênero, além de serem documentos imprescindíveis ao historiador da cultura brasileira no século XVI. Anchieta é a primeira voz de nossa literatura a exprimir o diálogo entre a cultura mediterrânea e a ecologia tropical, numa bipolaridade que acabou sendo a marca do que somos como povo e civilização.

REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS

MOISES, Massaud de. História da Literatura Brasileira: das origens ao romantismo, vol. I São Paulo: Cultrix, 2001.

http://www.astormentas.com/din/biografia.asp?autor=Padre+Jos%E9+de+Anchieta

http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u421.jhtm

http://www.klicknet.com.br/2006/materia/21/display/0,5912,POR-21-100-892-,00.html

http://www.colegioweb.com.br/literatura/a-literatura-jesuitica

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Afinal, que mito é esse que tem no livro de Cardim?

A questão 4 do exercício de Hans Staden tem causado muito vexame entre vocês. Mas finalmente o mistério será revelado!!! Eis o tal trecho que corresponde a esse assunto.

Trecho do livro de Fernão Cardim, Tratados da terra e gente do Brasil.

"Este gentio parece que não tem conhecimento do princípio do Mundo, do dilúvio parece que tem alguma notícia, mas como não tem escripturas, nem caracteres, a tal notícia é escura e confusa; porque dizem que as aguas afogarão e matarão todos os homens, e que somente um escapou em riba de um Janipaba, com sua irmão que estava prenhe, e que estes dois têm seu principio, e que dali começou sua mutiplicação." (pág. 87)

Vejamos alguns trechos do mesmo livro de Cardim que irá auxiliá-los numa melhor compreensão da visão do autor sobre o Brasil (índios).

"Todos andam nus assim homens como mulheres, e nao tem genero nenhum de vestido e por nenhum caso verecundant, antes parece que estão no estado de innocencia nesta parte, pela grande honestidade e modestia que entre si guardão, e quando algum homem fala com mulher vira-lhe as costas." (pág. 90)

"Antes de terem conhecimento dos Portuguezes usavão de ferramentas e instrumentos de pedra, osso, pau, cannas, dentes de animal, etc., e com estes derrubavão grandes matos com cunhas de pedra, ajudando-se do fogo; assim mesmo cavavão a terra com uns paus agudos e faziam suas metaras, contas de buzios, arcos e flechas tão bem feitos como agora fazem, tendo instrumentos de ferro, porém gastavão muito tempo a fazer qualquer cousa, pelo que estimão muito o ferro pela facilitade em fazer suas cousas com ele, e esta é a razão porque folgão com a comunicação dos brancos." (pág. 94 e 95)

"Entre elles ha casamentos, porém ha muita duvida se são verdadeiros, assi por terem muitas mulheres, como pelas deixarem facilmente por qualquer arrufo, ou desgraça, que entre elles aconteça." (pág. 88)

"Este gentio come em todo o tempo, de noite e de dia, e a cada hora e momento, e como tem que comer não o guardão muito tempo, mas logo comem tudo o que têm e repartem com seus amigos, de modo que de um peixe que tenhão repartem com todos (...)". (pág. 88)

Trecho retirado da introdução do livro, escrita por Rodolfo Garcia.

"Nele há o geógrafo, que estuda a terra, suas divisões, seu clima, suas condições de habitalidade; o etnólogo, que descreve os aborígines, seus usos, da fauna e da flora desconhecida; mas há também o historiador diserto, que dicorre sobre a missão dos jesuítas, seus colégios e residências, o estado das capitanias, seus habitantes e suas produções, o progresso ou a decadência da Colônia, e suas causas, sobre a vida, enfim, daquela sociedade nascente, de que participava. Seus depoimentos são os de testemunha presencial, e valem ainda mais pela espotaneidade e pela sinceridade com que singelamente os prestou. " (pág. 13)

OBSERVAÇÃO: Os trechos foram retirados do livro Tratados da tera e gente do Brasil, com introdução de Rodolfo Garcia, editora Itatiaia, (Belo Horizonte); Ed. da Universidade de São Paulo (São Paulo), 1980.

sábado, 27 de março de 2010

Discutindo Cardim

Sobre o Tratados da terra e gente do Brasil, de Fernão Cardim, levantei as seguintes problemáticas para vocês:

- Como Fernão Cardim expõe a cultura indígena?
- Quais as contribuições que Cardim nos traz?
- Quais as diferentes visões que os autores nos apresentam?

Discutindo:

Cardim nos possibilita uma nova visão do Brasil Colônia. Ele vêm nos mostrar, através dessa obra, o quanto o Brasil tinham de cultura (o que não era visto em Gândavo e Caminha, pois para eles os índios não tinham uma cultura*), mesmo sendo muito diferente da deles, mostrando algumas vezes que os índios poderiam ser melhores que os portugueses: " são candíssimos, e vivem com muito menos pecados que os portugueses".
Seu livro é um manual de informações, altamente descritivista, chegando a ser "científico", enciclopédico, um verdadeira obra recheada de informações altamente preciosas acerca da natureza e dos habitantes dessa terra antes desconhecida do mundo.
Como Massaud de Moisés nos diz: "Fernão Cardim, deixando-o orientar por suas impressões, vazou nos relatórios um sentimento humanitário e de amor à terra que o tornou ao mesmo tempo inestimável repositório de informações para a história do Brasil quinhentista, e das primeiras vozes a erguer-se, involuntariamente é certo, par testemunhar a autonomia cultural, ainda que embrionária, da incipiente sociedade brasileira”.
Sim, foi isso e muito mais, um dos iniciantes ao realmente relatar os fatos como o via, sem muitos preconceitos, numa visão estética, um dos "precursores da nossa História, quando ainda o Brasil, por assim dizer, não tinha história."
Ou seja, já possuímos três visões diferentes:
Caminha nos mostra uma visão de índio como "primitivos" possuidores de uma enorme ingenuidade, altamente favorável para torna-los o que quisessem. Já em Gândavo temos a visão do Brasil rebaixado, com "nativos infernais", "endemoniados", seres horrendos comedores de gente. Mas aí surge Cardim para rebatar tudo isso nos mostrando o índio como inocente, como um homem que segue seus preceitos, seres "candíssimos", gente digna de ser cristão.
Enfim, ler Cardim é ampliarmos a visão da história do nosso Brasil, das nossas origens, dos nossos conterrâneos, tão odiados e manipulados nesse início de história brasileira.


*Cultura aqui entendido como "cultura portuguesa". Lembrem-se que a maioria dos que por aqui passaram admiravam-se de os índios não adorarem Deus, não saudar, nem ter "bons modos", sendo portanto um ser sem cultura (sem a cultura européia = sem cultura)