Sugestão de leitura

 O Sermão de Santo António aos Peixes - Padre Antônio Vieira: O sermão revela toda a ironia, riqueza nas sugestões alegóricas e agudo senso de observação sobre os vícios e vaidades do homem, comparando-o, por meio de alegorias, aos peixes.


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Engana-se que pensa que somente portugueses escreveram sobre o Brasil Colônia. Europeus de outras nacionalidades que aqui estiveram também deixaram documentos importantes sobre o Brasil de então.É o caso de Jean de Léry* que escreveu "Viagem à Terra do Brasil". Neste livro está a descrição do pais, dos costumes indígenas, a enumeração dos recursos locais, e uns tópicos da língua tupi. É um guia indispensável a todos que se ocuparem do estudo dessa época. Foi muitas vezes reimpressa e traduzida em vários idiomas, mas, fosse por capricho do acaso, ou por vingança calculada dos inimigos do autor, são raríssimos os exemplares que existem, atingindo os que aparecem preços elevadíssimos. A obra de Jean de Lery appareceu no anno de 1578 e se não nos enganamos é a segunda que se publicou sobre o Brasil. A primeira foi a de Hans Staden.

 
 
 



Capa do livro de Jean de Lery que
retrata a família indígena descrita por
ele no livro.








*Jean de Lery (1534 - 1611) nasceu em Margelle-Saint-Seine, na Borgonha, no ano de 1534, falecendo em Berna em 1611. Foi um apaixonado pela religião reformada, fazendo parte do grupo que em Genebra rodeava Calvino.Depois da sua aventura no Brasil, onde foi vitima da apostasia de Villegaignon, esteve ainda em Sancerre, por ocasião do cerco dessa cidade e escreveu-lhe a história. Saint Hilaire o apelidou de "Montaigne dos viajantes", e não errou pois é de louvar em Lery a sua fidelidade informativa e o cuidado que tinha em respeitar versões alheias. Só perde a calma (e nisto desmontanhiza-se) quando penetra em assunto de religião. Aí paga com rancor e ódio, o ódio que os católicos votavam aos neo-protestantes.


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Diálogo da Conversão do Gentio, obra de Padre Manoel da Nóbrega, já tem pretensões literárias. Escrita na forma de um diálogo, forma literária valorizada na Idade Média e por Platão. Dois interlocutores, Gonçalo Álvares, curador dos índios, e Mateus Nogueira, religioso. Os dois personagens eram vivos à época de Nóbrega, mas a obra não é apenas uma transposição da conversa de dois homens vivos. Antes, tudo parece criação de Nóbrega, inclusive o estilo de cada interlocutor. Esse recurso de se basear em personagens verdadeiras era comum no teatro medieval, o que corrobora as pretensões literárias da obra. Uma obra fascinante!