sábado, 27 de março de 2010

Discutindo Cardim

Sobre o Tratados da terra e gente do Brasil, de Fernão Cardim, levantei as seguintes problemáticas para vocês:

- Como Fernão Cardim expõe a cultura indígena?
- Quais as contribuições que Cardim nos traz?
- Quais as diferentes visões que os autores nos apresentam?

Discutindo:

Cardim nos possibilita uma nova visão do Brasil Colônia. Ele vêm nos mostrar, através dessa obra, o quanto o Brasil tinham de cultura (o que não era visto em Gândavo e Caminha, pois para eles os índios não tinham uma cultura*), mesmo sendo muito diferente da deles, mostrando algumas vezes que os índios poderiam ser melhores que os portugueses: " são candíssimos, e vivem com muito menos pecados que os portugueses".
Seu livro é um manual de informações, altamente descritivista, chegando a ser "científico", enciclopédico, um verdadeira obra recheada de informações altamente preciosas acerca da natureza e dos habitantes dessa terra antes desconhecida do mundo.
Como Massaud de Moisés nos diz: "Fernão Cardim, deixando-o orientar por suas impressões, vazou nos relatórios um sentimento humanitário e de amor à terra que o tornou ao mesmo tempo inestimável repositório de informações para a história do Brasil quinhentista, e das primeiras vozes a erguer-se, involuntariamente é certo, par testemunhar a autonomia cultural, ainda que embrionária, da incipiente sociedade brasileira”.
Sim, foi isso e muito mais, um dos iniciantes ao realmente relatar os fatos como o via, sem muitos preconceitos, numa visão estética, um dos "precursores da nossa História, quando ainda o Brasil, por assim dizer, não tinha história."
Ou seja, já possuímos três visões diferentes:
Caminha nos mostra uma visão de índio como "primitivos" possuidores de uma enorme ingenuidade, altamente favorável para torna-los o que quisessem. Já em Gândavo temos a visão do Brasil rebaixado, com "nativos infernais", "endemoniados", seres horrendos comedores de gente. Mas aí surge Cardim para rebatar tudo isso nos mostrando o índio como inocente, como um homem que segue seus preceitos, seres "candíssimos", gente digna de ser cristão.
Enfim, ler Cardim é ampliarmos a visão da história do nosso Brasil, das nossas origens, dos nossos conterrâneos, tão odiados e manipulados nesse início de história brasileira.


*Cultura aqui entendido como "cultura portuguesa". Lembrem-se que a maioria dos que por aqui passaram admiravam-se de os índios não adorarem Deus, não saudar, nem ter "bons modos", sendo portanto um ser sem cultura (sem a cultura européia = sem cultura)

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