sábado, 15 de maio de 2010

Dicas para analisar os poemas barrocos

Como todos sabem a 2ª nota da Lit. Brasileira I (ano 2010.1) será análise de um poema barroco (de Gregório ou de Manuel de Botelho de Oliveira). Por isso posto aqui umas dicas para auxiliá-los:

* Observe o texto antes de ler. Olhe a estrutura externa dele (o seu visual). Quantas estrofes possui, quantos versos (se trata-se de um soneto ou não, etc...);

*Faça uma leitura mais desprendida do plano externo, buscando mais o conteúdo do texto*. Não se preocupe, você não irá saber tudo o que o poeta quis dizer nessa primeira leitura. Logo, para ir entendendo a mensagem do poema você irá precisar do item a seguir:

* Paciência: para fazer análise de qualquer poema deve-se ler atentamente cada verso. E como vocês irão analisar um poema barroco (que não é tão fácil) deve-ser ter mais paciência para ler e reler quantas vezes forem preciso até o texto ir tornando mais claro para você.

* Nessas releituras concerteza você irá achar palavras que não conhece (palavras típicas da época), então, esteja com um bom dicionário do lado, pois ele será um ótimo guia.

* Preste atenção em críticas feitas em alguns poemas (como os de Gregório). Alguns desses citam pontos históricos da época. Então que tal dar uma pesquisada sobre isso e ampliar mais o conhecimento do poema?

* Não estranhem as metáforas. É típico do Barroco unir coisas totalmente contrárias, então esteja aberto para receber (ler) coisas que podem parecer confusas inicialmente, mas que devem ser observadas com cuidado, pois tem um propósito de estarem ali.

* O principal: Não esqueçam que análise de poema é relativa. Cada pessoa analisa um poema de forma única, ou seja, não tenham medo de achar que a sua análise está errada porque é diferente da análise de outra pessoa. Junte ideias, observe o ponto de vista do seu parceiro e compare com o seu. Mas cuidado para não fugir totalmente da ideia do poema. Lembre-se o poema tem uma ideia central que tem de ser "encontrada".


Para auxiliar mais ainda, encontrei um ótimo texto sobre como se analisar poema. Dêem uma conferida: http://aulaportugues.no.sapo.pt/analisapoema.htm

Agora resta-me dizer: Boa sorte e até as apresentações de quinta!
Abraços!


*apesar que o plano externo complementa o plano interno, nunca esqueçam disso!

Barroco: Autores e Poesia

PRINCIPAIS AUTORES

Bento Teixeira

[Iniciador do Barroco no Brasil, autor de Prosopopéia.]

Veio cedo para o Brasil; formou-se no Colégio da Bahia, onde foi professor de primeiras letras.
Assassinou a mulher em 1594; fugindo à prisão, refugiou-se em Pernambuco, no convento dos beneditinos, em Olinda. Publicada em 1601, de grande valor histórico, a obra mais famosa do escritor é o poema épico, Prosopopéia. Nele, o escritor fala sobre a vida e o trabalho de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da Capitania de Pernambuco, e seu irmão, Duarte. É a única obra reconhecida e aceita como de sua autoria. Além disso, é a primeira obra com finalidade meramente literária publicada em solo brasileiro.


Gregório de Matos

[O Boca do Inferno; poeta maior do Barroco brasileiro.]

Sua própria produção poética — lírica, religiosa, satírica — já mostra a alma barroca deste poeta. Ao lado de expressões de amor carnal, manifestou aspirações religiosas; ao lado de poesias sérias e reflexivas sobre a condição humana, debochou e satirizou a sociedade da época, notadamente a baiana. A dualidade barroca percorre toda a obra de Gregório de Matos, vazada numa linguagem bem trabalhada, capaz de traduzir sua angústia metafísica e religiosa, sutil para expressar seus sentimentos amorosos e objetiva e popular nas sátiras. Tinha por apelido "Boca do Inferno", devido ao teor de seus poemas.

Sua poesia religiosa é sempre do pecador que se penitencia através de uma lógica argumentativa; enquanto a poesia lírica é sensualista e elogiosa.

Em Salvador, levou vida desregrada, tendo famosos encontros amorosos com freiras e compondo poemas satíricos, por isso foi banido em 1694 para Angola.

Nunca em vida Gregório de Matos publicou um livro, e suas poesias, colecionadas e publicadas apenas por seus admiradores, sobrevive até hoje em antologias.

Padre Antônio Vieira

[Maior orador sacro de nossa literatura.]

Participava ativamente da Companhia de Jesus e da política portuguesa de sua época, apesar de passar a maior parte de sua vida no Brasil. Destacou-se como importante orador jesuítico em língua portuguesa, sendo famoso por seus sermões.

Apresentava idéias a favor dos cristãos-novos e contra a escravidão do negro e principalmente do índio, sofreu críticas e perseguições, tendo-se envolvido com a Inquisição.

Desenvolve seus sermões por meio de raciocínios tortuosos, em longos períodos, através de um encadeamento profundamente lógico. Traduz suas idéias através de parábolas, fazendo uso principalmente da metáfora.

Manuel Botelho de Oliveira

[Autor de Música do Parnaso (1705), primeira obra publicada por um autor brasileiro.]

O primeiro escritor nascido no Brasil a ter um livro publicado. Sua principal obra é a coletânea de poemas Música do Parnaso (1705), em que se destaca o poema À Ilha Maré. Este poema é um dos primeiros a louvar a terra, descreve com todo o esmero de vocabulário típico dos barrocos os muitos frutos brasileiros, lembrando sempre a inveja que fariam às metrópoles européias.

Em sua obra, faz uso constante de analogias (campos semânticos) e acentua os contrastes através de antíteses e paradoxos.


POESIA BARROCA

Em sua evolução histórica, a poesia barroca atravessou três momentos, cada qual com suas peculiaidades:

1) ocupando, grosseiramente, a primeira metade do século XVII, caracteriza-se pela influência da Camões e de escritores castelhanos; representa-o Bento Teixeira;

2) corresponde à segunda metade do século XVII, assinala o desabrochar de uma poesia já de índole brasileira, sem embargo de permanecer a influência camoniana e espanhola; surge o grupo baiano, representado por Gregório de Matos, Eusébio de Matos, Domingos Barbosa, Bernardo Vieira Ravasco e Grasson Tinoco;

3) caracteriza-se pelo exagero do Barroco e o aparecimento das academias literárias ( a partir de 1724, com a Academia dos Esquecidos); pertecem a esse período Manuel de Botelho de Oliveira, Frei Manuel de Santa Maria Itaparica e outros.


REFERÊNCIAS:

MOISÉS, Massaud de. A literatura brasileira através dos textos. 26 ed. São Paulo: Cultrix, 2007.

http://www.colegioweb.com.br/literatura/autores-do-barroco

Barroco no Brasil

Eu particularmente ADORO esse estilo literário. Vamos ao resumo sobre esse momento da literatura brasileira:

Massaud de Moisés nos diz:
"A época do Barroco inicia-se em 1601, quando Bento Teixeira publica seu poema épico, Prosopopéia, e termina em 1768, com a publicação das Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, que encetam o movimento arcádico. Durante a vigência da estética barroca, importada diretamente da espanha, nessa altura dominando Portugual, e dos poetas portugueses do século VXI, cultivavam a poesia, a historiografica, a literatura doutrinária ou de informação da terra e a oratória". (2007, p.35)

Painel Histórico-cultural do Barroco

a) O Barroco é conhecido como a arte da Contra-Reforma.

b) A reação da Igreja Católica ao protestantismo luterano e calvinista principiou com a convenção do Concílio de Trento, realizado entre 1544 e 1563, na localidade de Trento, norte da Itália.

c) A cúpula da Igreja Católica, reunida em Trento, resolveu iniciar uma Contra-Reforma, que atuava por meio de um órgão executivo: a Santa Inquisição, sistema eclesiástico, ideológico-administrativo, de censura, que, por intermédio do Tribunal do Santo Ofício, investigava, levava a julgamento e condenava aqueles que não contribuíssem para a preservação, defesa e manutenção da Doutrina Católica, nos termos em que fora instituída no Concílio de Trento.

d) Três vítimas famosas da perseguição da Contra-Reforma: Galileu Galilei, Giordano Bruno e Copérnico.

e) Assim, a época barroca é marcada pela contradição: de um lado, o Humanismo clássico e o Renascimento, com apelos ao racionalismo, ao prazer e ao apego aos bens materiais (é o Antropocentris-mo). De outro, o homem é pressionado pela Igreja Católica a um regresso ao Teocentrismo medieval, à renúncia aos prazeres, à mortificação da carne.

f) O Barroco Literário, então, convive com valores opostos: fé x razão, alma x corpo, bem x mal, perdão x pecado, espírito x matéria, Deus x homem, virtude x prazer.

Características do estilo barroco.

a) CULTISMO ou GONGORISMO – É o jogo de palavras; é o rebuscamento da forma, é a obsessão pela linguagem culta, erudita, por meio de inversão da frase (hipérbato), do uso de palavras difíceis.

É o abuso no emprego de figuras de linguagem, especialmente a metáfora, a antítese e o hipérbato.

O principal cultista do barroco mundial foi o espanhol Luiz de Gôngora. No Brasil, Gregório de Matos.

b) CONCEPTISMO – É o aspecto construtivo do Barroco, voltado para o jogo das idéias e dos conceitos.

É a preocupação com as associações inesperadas, seguindo um raciocínio lógico, racionalista.

O principal conceptista do barroco mundial foi o espanhol Francisco de Quevedo. No Brasil, padre Antônio Vieira

c) TEOCENTRISMO x ANTROPOCENTRISMO – O rebusca-mento da arte barroca é reflexo do dilema em que vivia o homem do seiscentismo (os anos de 1600). Daí as preferências por temas opostos: espírito e matéria, perdão e pecado, bem e mal, céu e inferno. Tudo isso gerava a preocupação com a brevidade da vida (carpe diem).


REFERÊNCIAS

MOISÉS, Massaud de. A literatura brasileira através dos textos. 26 ed. São Paulo: Cultrix, 2007.

http://www.colegioweb.com.br/literatura/caracteristicas-do-estilo-barroco